Comitê Macro - Março
Retrospectiva de Fevereiro:
Até janeiro, as informações indicavam que a inflação americana estava diminuindo, sugerindo a possibilidade de um processo de desinflação. Entretanto, os dados de fevereiro apresentaram uma perspectiva diferente do que o mercado esperava. Tanto o CPI, que mede os preços ao consumidor, quanto o PPI, que avalia os preços ao produtor, tiveram resultados acima do esperado. Como resultado, é provável que o Fed precise elevar ainda mais as taxas de juros e mantê-las em níveis elevados por um período mais prolongado.
As pressões inflacionárias na Zona do Euro continuam sendo relevantes. A prévia do índice de preços ao consumidor mostrou um aumento em fevereiro, superando as expectativas. A queda nos preços da energia tem contribuído para aliviar a inflação na região, no entanto, o núcleo da inflação que está mais relacionado à atividade doméstica, continua elevado e em aceleração. Portanto, é provável que o Banco Central Europeu mantenha uma postura rígida em relação às próximas decisões de política monetária.
Na China foi registrado um avanço significativo tanto no setor industrial quanto no setor de serviços. A forte recuperação da economia chinesa ainda segue sendo reflexo da retomada após a flexibilização da política de "Covid-zero" e da expectativa de que os estímulos para expandir a demanda continuem impulsionando a recuperação da atividade econômica.
Já no Brasil, as questões relacionadas à política fiscal do novo governo continuaram gerando tensões e ganhando ainda mais importância devido ao aumento das críticas dirigidas não só à taxa de juros, mas também ao presidente e à independência do Banco Central.
Expectativas para Março:
A análise dos dados americanos de março será crucial para definir as próximas ações do Fed. Se os fatores pontuais tiverem influenciado os dados iniciais do ano, é possível que as taxas finais fiquem entre 5,25% e 5,5%. No entanto, se essa hipótese for descartada, há uma probabilidade maior de que as taxas fiquem próximas a 5,75% ou 6%. A incerteza sobre a verdadeira condição da economia norte-americana permanece presente.
Na Europa, embora o inverno tenha sido menos rigoroso do que o esperado e os preços de energia estejam diminuindo, ainda não é possível vislumbrar perspectivas de crescimento econômico. A inflação continua em níveis elevados e a guerra no Leste Europeu continua sendo um ponto de atenção para os países vizinhos.
Já na China, continuamos a observar a abertura econômica com a flexibilização das medidas de Covid Zero. O governo chinês pode intensificar as políticas de crédito na busca por um crescimento acelerado, o que provavelmente resultará em um aquecimento interno no país, com um incentivo adicional às políticas habitacionais. O estímulo ao setor imobiliário chinês terá um impacto positivo nas empresas brasileiras exportadoras de commodities, especialmente no setor de minério de ferro.
A dinâmica fiscal e a pauta política continuam sendo fatores determinantes para os preços do mercado brasileiro. Os investidores devem estar atentos às declarações da equipe econômica e à divulgação do boletim Focus, bem como qualquer mudança em relação às expectativas de inflação e da taxa Selic.