Comitê Macro - Fevereiro
Apesar dos
últimos dados indicarem o início do processo de desinflação nos EUA, a
principal discussão ainda gira ao redor da política monetária do país. Na
quarta-feira o Fomc elevou a taxa de juros em mais 25 pontos base, para o
intervalo entre 4,50% e 4,75%. No comunicado pós-reunião o presidente do Fed
reforçou que novas altas serão necessárias para tentar trazer a inflação para a
meta. A declaração ainda destacou que o mercado de trabalho continua forte e
que apesar da inflação ter registrado certa moderação ainda segue em níveis
elevados.
Já na Europa, o
Banco Central Europeu decidiu elevar as taxas de referência em 50 pontos-base,
como já era esperado por grande parte do mercado. Apesar do sentimento de
melhora, o cenário ainda é complexo, segundo o BCE as taxas de juros manterão
um ritmo de aumento até atingir um patamar que indique um amortecimento da
demanda e redução da inflação. As futuras decisões ainda dependem de resultados
dos dados que serão divulgados, mas na próxima reunião de março o mercado
espera mais um aumento de mesma magnitude.
Os mercados chineses voltaram a ativa depois do feriado do Ano Novo Lunar e o fim da política de Covid Zero na China segue sendo o grande destaque em função da expectativa de maior demanda pelo país. Os índices seguem mostrando que aos poucos o cenário interno está reagindo e o setor de serviços deve ser o grande beneficiado. Além disso, o governo tem reforçado a necessidade de retomada do crescimento através do consumo, o que aumenta a probabilidade de novos estímulos fiscais, desta vez focados no lado da demanda.
Por fim, no
cenário interno apesar do impacto positivo causado pela reabertura econômica da
China, no Brasil a preocupação ainda segue sendo com os ruídos das questões
fiscais e o aumento da inflação. A taxa Selic foi mantida em 13,75% pela quarta
vez consecutiva, conforme esperado pelo mercado. No comunicado, não foi
sinalizado nenhum possível aumento adicional da taxa Selic, o que reforça a
visão de que os juros podem ser mantidos no patamar atual por mais tempo.
Ainda refletindo
os dados da última semana, a perspectiva no mercado americano é que devemos ter
um discurso mais agressivo pelo FED dando um enfoque para a surpresa do
resultado do Payroll que mostrou dados muito acima do esperado pelo mercado e
que deve continuar pressionando a inflação nos EUA. Além disso, a temporada de
balanços no mercado americano ainda segue ativa e pode trazer possíveis
revisões para o mercado.
Por mais que a
inflação se mantenha elevada já podemos observar uma melhora nas projeções
sobre a Europa, já que a preocupação em torno de uma crise energética não está
mais no radar por conta de estoques preventivos e um inverno menos rigoroso que
o previsto. Apesar dessa possível melhora econômica, ainda é necessário esperar
os resultados dos dados na região pois a recessão ainda não pode ser
completamente descartada.
Na China, a
atividade econômica do país segue em forte recuperação com o fim da política de
Covid Zero. Essa reabertura segue trazendo volatilidade para o mercado e pode
ser ainda mais potencializada por uma retomada mais forte do consumo. A
consequência dessa retomada da China pode também atingir o setor imobiliário
que segue fragilizado, e como consequência aumentar a demanda por commodities
beneficiando empresas brasileiras que são impactadas com os preços desses
ativos.
Já no nosso
cenário interno, as falas dos membros do governo relacionadas à dinâmica
fiscal, possíveis ajustes nas metas de inflação e autonomia do Banco Central
seguem sendo o destaque para o próximo mês que vão determinar o apetite a risco
dos investidores. Outro ponto de atenção será sobre os dados e expectativas da
inflação que seguem apresentando deterioração e podem trazer novas avaliações
para nossa taxa básica de juros.